“Algumas crianças aqui só tem uma roupinha. Então, quando as doações chegam, é uma festa. Agradeço muito, muito, muito a cada pessoa que doou”. O recado é de Desiree Barcelos Nassiff, coordenadora da Escola de Educação Infantil Tia Mariazinha, para as milhares de pessoas que participaram da Campanha do Agasalho 2017. A entidade, que fica no bairro Rubem Berta, em Porto Alegre, atende a 44 bebês e crianças de zero a 6 anos. “A ajuda não é só pra creche. As roupas pequenas ficam com os alunos, claro. Mas as peças de adulto vão para as famílias”, acrescentou.
A escola foi uma das 52 entidades beneficiadas pela campanha, além de 99 prefeituras gaúchas. Cada uma recebeu um kit montado pela Defesa Civil do Rio Grande do Sul. O pacote incluía, em média, 1.800 peças de roupas, 150 pares de calçados, 70 pares de meia, 30 kits de cama, mesa e banho e 70 kg de alimentos não perecíveis.
O Clube de Reciclagem do Morro da Cruz, em Porto Alegre, também ganhou doações neste inverno. Dona Eva Fátima de Jesus Paula, mais conhecida como Tia Eva, disse que o sentimento de gratidão é enorme: “As pessoas que doam não tem noção do significado. Seria bom que viessem ver a alegria que um litro de leite é capaz de fazer numa casa”. Segundo ela, foi possível ajudar 60 famílias da comunidade.
Tia Eva nem se deu conta, mas resumiu exatamente o tema da Campanha do Agasalho deste ano: “Quem doa dá força”. A ação terminou nesta segunda-feira (18) e, mais uma vez, mostrou a solidariedade do povo gaúcho. Em quatro meses, desde o início oficial, em 24 de maio, foram arrecadadas 312.625 peças de roupas, pares de calçados e meias e também cobertores. Além de 269 kits de higiene e limpeza, 23.930 quilos de alimentos não perecíveis e 2.412 litros de leite. Somando tudo, a quantidade chega a 339.236 itens. No ano passado, foram 310 mil agasalhos.
A campanha é uma iniciativa do Gabinete de Políticas Sociais e da Defesa Civil do Rio Grande do Sul. Segundo a secretária de Políticas Sociais, Maria Helena Sartori, a população mostrou a preocupação com quem mais precisa, mesmo em um inverno atípico. “Tivemos um inverno diferente, com poucos dias de frio intenso e vários dias de calor. Mas, mesmo assim, quando nossa Central de Doações ficou vazia, nós pedimos, e a população prontamente respondeu. Todos saímos ganhando com essa rede de solidariedade. Obrigada a todo mundo que participou”, disse.
O chefe da Casa Militar, coronel Alexandre Martins, também agradeceu o envolvimento da população. “Sempre que precisamos, o público responde prontamente. É muito importante dizer que a Central de Doações da Defesa Civil funciona o ano todo. Porque as pessoas precisam de ajuda o ano todo, seja pelo frio, pelos temporais ou por qualquer outro motivo que exija mobilização do governo”, afirmou.
A partir de agora, as principais demandas são alimentos não perecíveis, leite e produtos de higiene e limpeza. A Central de Doações funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), localizado na Avenida Borges de Medeiros, 1501, no Centro de Porto Alegre. O telefone é 51 3288-6781.
Como disse a professora Desiree, da Creche Tia Mariazinha, “a solidariedade não pode terminar com o inverno”. E Tia Eva completou: “Se todos fizessem um pouquinho, muita coisa seria diferente nesse país”.
Texto: Vanessa Felippe/ Ascom GPS
Edição: Léa Aragón/ Secom
Foto: Desiree Barcelos Nassiff (ARQUIVO PESSOAL)