Em reunião nesta semana na Universidade Regional Integrada de Erechim (URI), técnicos da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Agronegócio e um grupo de docentes da universidade não só reafirmaram parceria na questão da erva-mate, mas sinalizaram ampliar os temas entre as duas entidades.
Estão em pauta o desenvolvimento econômico e social para a região. Uma delas é a Câmara Setorial de Infraestrutura Rural. A partir de unidades experimentais, ela trabalharia com pesquisa, validação e divulgação de tecnologias inovadoras de redução de perdas em colheitas de grãos e a sua secagem e armazenagem na própria propriedade, pegando como exemplo o programa estadual RS Mais Grãos.
O tema tem entrado constantemente na pauta da infraestrutura pós-colheita. Embora em fase de recuperação e investimentos, ainda há certo déficit na armazenagem pública. Com a disponibilização do Governo Federal de R$ 156 bilhões no Plano Safra 2014/2015 e de R$ 4 bilhões em 2013 do sistema estadual – o Plano Safra Estadual 2014/2015 será lançado em junho –, não deverá faltar crédito para o produtor construir seus próprios silos e armazéns. Aliás, já não está faltando.
Nos últimos meses, quem cruzar por rodovias como BRs 153, 386, 116, 392 e 290, por exemplo, pode perceber a quantidade de investimentos nesse setor. Só em 2013, conforme o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o RS recebeu pelo menos R$ 1,1 bilhão em investimentos de infraestrutura entre obras prontas, licitadas e em andamento. Foi o Estado que mais teve repasses da União, seguido por Minas Gerais, entre todos da Federação. O valor não inclui manutenção de rodovias, estudos e projetos.
No caso especifico da armazenagem pública gaúcha, a Companhia Estadual de Silos e Armazéns (Cesa) está em franca recuperação. Atolada em dividas e depois de quase ser fechada no final de 2010, no ano seguinte começou aos poucos se recuperar. Mais de três anos e meio se passaram e os números já refletem a boa gestão.
Programa estadual incentiva diversificação e aumento de renda
O programa RS Mais Grãos pretende conscientizar os agricultores de que uma das saídas é desafogar um pouco os espaços públicos e ampliar as capacidades privadas. O caso do fumo, por exemplo, é bem particular. As mais de 90 mil estufas espalhadas pelo Estado ficam ociosas durante noves meses do ano. Modalidade destinada aos fumicultores, que dependem exclusivamente da atividade, prevê o plantio de feijão e milho na chamada resteva do fumo, aproveitando os insumos deixados.
Plantações irrigadas, inclusive o próprio fumo, crescem a produtividade e a renda dos agricultores. A exemplo do programa de irrigação Mais Água, Mais Renda, que subvenciona a compra de equipamentos, o RS Mais Grãos também tem lógica semelhante. Pequenos agricultores enquadrados nos critérios do Pronaf adquirem crédito para melhoria de suas estufas e ainda recebem 15% de subsídio do Estado para pagamento das melhorias. Aumenta-se a renda do produtor, que começa a diversificar as culturas, e cresce a oferta do grão que atende cadeias de aves e suínos e ainda tem déficit. Política de alcance social e econômica, o RS Mais Grãos incentiva o fumicultor tradicional a diversificar a propriedade.
Qualificação da cadeia
Embora já trabalhem juntos na cadeia da erva-mate, todavia o setor carece de ações tecnológicas, difusão e orientação quanto à qualidade de mudas, manejo, pesquisa nutricional e fitoterápica, como avalia o coordenador da Câmara Setorial de Agroenergia e do Fundomate, Valdir Zonin.
O grupo ainda debateu temas ligados a sistemas alternativos de energia, uns mais limpos e outros que devem aumentar a produção de matéria-prima como canola. Dentro disso, aparecem o biodiesel e o biogás, por exemplo. A respeito da Câmara da Soja, no entanto, debateram a realização de estudos envolvendo conservação de sementes através de processos biológicos e redução de gastos energéticos.
Texto: Daniel Cóssio Porto
Edição: Redação Secom (51) 3210.4305