O Epicovid19, estudo que busca estimar o número de pessoas que já contraíram o novo coronavírus no Rio Grande do Sul, terá mais duas etapas, agora com novo método. A primeira começa na sexta-feira (5/2) e vai até segunda-feira (8/2). A partir desta rodada, além dos testes rápidos e entrevistas, que já faziam parte do estudo, será incluído um novo teste de anticorpos para a Covid-19.
O funcionamento da pesquisa segue o mesmo: entrevistadores coordenados pelo Instituto de Pesquisa e Opinião (IPO) visitam as casas de 4,5 mil famílias em nove municípios gaúchos (Canoas, Caxias do Sul, Ijuí, Pelotas, Passo Fundo, Porto Alegre, Santa Cruz do Sul, Santa Maria e Uruguaiana) para convidar os moradores a realizar os testes e responder a um breve questionário sobre ocorrência de sintomas e acesso a serviços de saúde.
Na prática, quase nada muda para quem participa da pesquisa. A partir de um único furo na ponta do dedo do participante, os entrevistadores coletam as amostras tanto para o teste rápido quanto para o novo. No caso do S-UFRJ, três gotas da amostra sanguínea são depositadas em sequência em uma fita de papel filtro.
Após absorção e secagem (aproximadamente 15 minutos), o material é acondicionado em sacos plásticos vedáveis e encaminhado para análise pelo Laboratório de Vacinologia do Núcleo de Biotecnologia da Universidade Federal de pelotas (UFPel). O tempo previsto para processamento dos resultados é de uma semana. Para o teste rápido, uma gota da amostra é colocada no aparelho do exame, que faz a leitura em aproximadamente 15 minutos. O participante conhece o resultado na hora.
O Epicovid19, único estudo populacional sobre coronavírus no mundo a realizar oito fases de acompanhamentos com a população das mesmas cidades, é coordenado pela UFPel e pelo governo do Estado. O objetivo do estudo é estimar o percentual de gaúchos infectados pela Covid-19; avaliar a velocidade de expansão da infecção; fornecer indicadores precisos para cálculos da letalidade; e determinar o percentual de infecções assintomáticas ou subclínicas. O estudo em andamento terá ainda mais uma etapa em abril.
Novo método
A decisão de incluir o método de testagem desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) baseia-se numa maior precisão do exame para identificar a presença de anticorpos para a Covid-19, especialmente em casos de infecções mais antigas. Em um estudo comparativo realizado pelos pesquisadores da UFPel, o teste batizado de S-UFRJ apresentou alta sensibilidade e estabilidade – em torno de 92% – para detectar anticorpos mesmo após cinco meses da infecção, enquanto os testes rápidos, já utilizados nos estudos populacionais, mostraram quedas substanciais de sensibilidade para identificar anticorpos depois de três a quatro meses da infecção.
“Testes sorológicos, do tipo que detectam a presença de anticorpos no soro sanguíneo, são fundamentais em contextos de surtos de doenças infecciosas. Eles têm o potencial de identificar a real prevalência da infecção, permitindo que medidas como a taxa de mortalidade sejam calculadas com precisão e estratégias de enfrentamento da pandemia sejam tomadas com base em evidências”, explica a epidemiologista Mariângela Silveira, integrante da equipe de cientistas da UFPel que coordena a pesquisa.
Parceiros
O estudo conta com financiamento do programa Todos pela Saúde, do Banrisul, do Instituto Serrapilheira, da Unimed Porto Alegre e do Instituto Cultural Floresta. A pesquisa mobiliza ainda uma rede de 12 universidades públicas e privadas do Estado: Imed, Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade de Passo Fundo (UPF), Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS/Passo Fundo), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Pampa (Unipampa/Uruguaiana), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade La Salle (Unilasalle) e Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí).
Texto: Ascom Comitê de Dados e Ascom Epidemiologia UFPel
Edição: Secom