O Rio Grande do Sul pode ter, no futuro, o primeiro sistema de transporte por cápsulas de altíssima velocidade da América Latina. Nesta terça-feira (19/1), foi assinado, no Palácio Piratini, acordo entre o governo do Estado e a empresa Hyperloop Transportation Technologies (HyperloopTT) para realização, com auxílio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), de estudo inicial de viabilidade da rota Porto Alegre–Serra.
Chamado de hyperloop, o sistema de transporte por cápsulas para passageiros ou cargas pode alcançar 1,2 mil km/h com conforto e segurança superiores ao de aviões. A parceria do Estado com a empresa de pesquisa americana coloca o Brasil na rota do transporte mais inovador e disruptivo atualmente em desenvolvimento no mundo.
“Não vivemos do passado, vivemos de futuro. E o nosso governo acredita muito na força do conhecimento. Por isso, trabalhamos com gestão inovadora, tecnicamente responsável e, sim, sonhadora. O acordo de hoje pode ser considerado bastante futurista, mas cogitamos analisar viabilidade do projeto e, assim, lançar a primeira ideia para que, quem sabe logo adiante, possamos confirmar as condições de viabilizar o hyperloop, uma alternativa economicamente viável, segura e sustentável. A pesquisa nos permite sonhar. E o sonho começa a ser realizado a partir da vontade e da ação, e hoje temos um exemplo disso”, afirmou o governador Eduardo Leite.
Além do estudo de viabilidade técnica da rota, o acordo prevê a análise das condições ambientais, socioeconômicas e financeiras, como retorno de investimento que um projeto desta dimensão possibilita.
De acordo com a HyperloopTT, uma das vantagens do sistema é ser viável comercialmente, não dependendo de recursos públicos para se manter. Além disso, é uma maneira sustentável do ponto de vista ambiental de avançar em sistemas de transporte.
“O estudo demonstrará que o sistema é sustentável do ponto de vista do investidor como do ponto de vista ambiental. E irá suprir uma demanda muito importante por transporte de qualidade, em altíssima velocidade, no Brasil. É uma satisfação enorme termos o governo do Rio Grande do Sul como parceiro nessa iniciativa”, afirmou Dirk Alhborn, fundador e presidente da HyperloopTT.
“Esse acordo é resultado do trabalho que temos realizado para posicionar o RS no mapa global da inovação”, disse o secretário de Inovação, Ciência e Tecnologia, Luís Lamb, destacando a relevância do projeto. “É uma oportunidade de avaliarmos, através da UFRGS e da empresa, uma das tecnologias de potencial impacto global no setor de transportes para as demandas da sociedade gaúcha, possibilitando benefícios em diversas áreas”, acrescentou.
O estudo inicial de viabilidade também avaliará aspectos operacionais e estruturais para criar um sistema de transporte hyperloop ao longo da rota entre Porto Alegre e a Serra. Avaliará localizações para grandes estruturas, possíveis restrições para o alinhamento do sistema e a integração do sistema de cápculas com a estrutura de transporte já existente, entre outros aspectos.
Saiba mais sobre o sistema
Fundada em 2013, a HyperloopTT é uma equipe global de mais de 800 engenheiros, criativos e técnicos em 52 equipes multidisciplinares, com 40 parceiros corporativos e universitários. Seu modelo de negócios pioneiro vem sendo estudado em universidades de ponta como Harvard.
O Centro Europeu de P&D da HyperloopTT no Aerospace Valley em Toulouse, França, é o local de testes do primeiro e único sistema completo de cápsula de passageiros do mundo. Em 2019, a HyperloopTT lançou o primeiro estudo abrangente de viabilidade analisando um sistema de hyperloop, que constatou que o sistema é econômica e tecnicamente viável e que gerará lucro sem exigir subsídios governamentais.
Com sedes em Los Angeles (EUA) e Toulouse (França), a HyperloopTT tem escritórios em Abu Dhabi e Dubai, nos Emirados Árabes Unidos; Bratislava (Eslováquia); São Paulo e Barcelona (Espanha).
Até agora, a HyperloopTT já assinou acordos nos Estados Unidos, Emirados Árabes Unidos, França, Alemanha, Índia, China, Coreia do Sul, Indonésia, Eslováquia, República Tcheca e Ucrânia.
Texto: Raiza Roznieski/Ascom Sict e Vanessa Kannenberg
Edição: Marcelo Flach/Secom