“É uma medida que interfere no processo legislativo, um tema fundamental para as cidades. Não sei se já houve uma decisão dessa natureza, mas espero que o Congresso reaja”. A afirmação do presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo Ziulkoski, é sobre a liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, que impede a votação de veto ao projeto que trata dos royalties. O representante dos Municípios brasileiros, e líder do movimento que pede justiça na distribuição dos recursos arrecadados com a exploração do petróleo, falou ao jornal Estado de Minas.
A liminar em Mandado de Segurança (MS) do ministro carioca foi deferida na tarde da segunda-feira, 17 de dezembro. A justificativa para o atendimento ao MS de um deputado do Rio de Janeiro foi de que o Congresso deve deliberar acerca do veto parcial antes que análise, em ordem cronológica da respectiva comunicação ao Congresso Nacional, todos os vetos pendentes com prazo constitucional já expirado.
A apreciação do artigo terceiro do Projeto de Lei 2.565/2011, que prevê nova regra de partilha dos recursos arrecadados com exploração do petróleo, estava confirmada para esta terça-feira, 18 de dezembro, às 19h. O presidente do Senado Federal, José Sarney (PMDB-AP), havia anunciado a sessão conjunta no início da tarde desta segunda.
Reconsideração
Na segunda-feira, durante a sessão deliberativa, Sarney afirmou que a Advocacia do Senado iria recorrer da decisão liminar do ministro, que impede a votação pelo Congresso, em regime de urgência. Ele determinou à Advocacia que entre com pedido de reconsideração da liminar e com agravo de instrumento. Assim, a questão pode ser apreciada pelo plenário do Supremo, mas a próxima sessão da Corte deve ocorrer na quarta-feira, 19.
Mesmo com a sessão mantida pelo presidente do Senado, o veto só pode ser apreciado se a liminar for revista. A medida causou indignação. Ziulkoski reconhece que é uma decisão judicial e tem que ser acatada, mas espera ação do Congresso porque o tema é importante para as prefeituras e não pode ser novamente adiado. “Vamos aguardar seu desenrolar”, disse.
Mobilização
A CNM, a Associação Gaúcha de Municípios (AGM), os governadores de 24 Estados, os milhares de prefeitos e vereadores, além de parlamentares, estão trabalhando para que a justiça na distribuição deste recurso seja feita ainda este ano. Sobre o argumento de quebra de contrato, usado pela presidência da República e pelos parlamentares do Rio de Janeiro e do Espírito Santo, Ziulkoski volta a dizer que isso não existe, uma vez que os instrumentos são celebrados entre as empresas e a Agência Nacional de Petróleo (ANP). “O que está em questão não são os contratos, mas a distribuição dos recursos pagos pela exploração do produto dos contratos”, informa o presidente da CNM.
Fonte: CNM